terça-feira, 20 de julho de 2010

O internato - Estágio V

Um terreno perigoso...


- Cara, sou sua maior fã! Erika ainda me aplaudia enquanto eu me sentava.

Encarei as demais, Susan e Maya, mesmo reservadamente, pareciam ter aprovado minha atitude. Caroline se mostrou indiferente assim como Kim, apesar de notar certa magoa em seu olhar. Já Monick me lançava um olhar de pura reprovação e decepção.


- Era tão pequeno assim o que você sentia por ela? Sussurrou ao meu ouvido, antes de se juntar à Rachel.

O outrora sorriso havia se dissipado completamente de meu rosto... Deixando nele apenas uma expressão de incompreensão e vazio... Voltei a olhar para a última mesa... Monick parecia consolar Rachel, enquanto Sophie permanecia indiferente e absolutamente calma... Voltei o olhar rapidamente. Aquela situação já ameaçava escapar das minhas mãos...


- Vou indo! Levantei impaciente.

- Sam... Caroline tentou um dialogo, mas a expressão fria com que a fitei, a fez desistir na hora.


Não pude evitar lançar um último olhar para Sophie... Aquilo era o começo de uma guerra, da qual eu não estava disposta a perder...

No restante do dia passei trancada, em meu quarto, digerindo tudo o que aconteceu. Tentava a todo custo lembrar- me dela... O passado do qual eu nunca gostava de recordar, agora me parecia um grande borrão em preto e branco...

A lua já aparecia, na minha janela, quando revolvi levantar. Sentia os músculos do meu corpo ainda muito doloridos e tensos. “O que está acontecendo comigo? Eu nunca fui assim...” Olhei brevemente para o único porta retrato sobre o criado mudo. Um belo e jovem casal acenava para a foto, agora já um tanto envelhecida pelo tempo. “Queria que vocês ainda estivessem aqui...” Suspirei enquanto saia do quarto.

Caminhei pelos arredores do alojamento, há essa hora desertos, sem nenhum destino aparente. A noite estava fria, mas não me importei muito com isso, eu não queria pensar em nada e andar estava me ajudando nisso. Quando dei por mim estava em frente de uma enorme estufa de vidro, que ficava em meio a um bosque próximo, nos fundos da escola. As luzes ainda estavam ligadas e notei a sombra de alguém ali...


Rapidamente me escondi atrás de uma árvore, pensando se tratar de alguma das irmãs. Observei atentamente e fui me aproximando lentamente esgueirando- me sorrateira por entre pequenos arbustos. Entretanto, a sorte me falhou e sem querer pisei em um galho seco, chamando a atenção de quem estava lá dentro, pois imediatamente ouvi a porta se abrir.


- Quem está ai? Sentir meu coração dar um salto ao ouvir aquela voz.

Analisei a situação rapidamente. Mesmo não querendo me denunciar seria ridículo eu continuar a ficar ali tentando me esconder. - Sou eu... Levantei- me, a muito contra gosto do arbusto, visivelmente sem graça.


- Ah, é só você... Sophie já ia se virar, quando a chamei.


- Ei, espera! Como resposta ela se virou com uma cara azeda.


- O que é? Não tem mais ninguém pra você perturbar, não? Não pude deixar de perceber certa rispidez em suas palavras.

- O que eu te fiz afinal? Devolvi no mesmo tom.


O que ela fez? Ignorou- me por completo, voltando para a estufa... Quem ela pensava que era? Aquela desaforada... Será que ela só sabia me ignorar?

Não me contentando a segui, e entrei na estufa. Vi que ela cuidava de alguns lírios... E, não sei por que e nem como, senti toda a raiva que sentia há alguns instantes evaporar de mim num estalo. Ela estava ainda mais linda e sedutora rodeada por todos aqueles lírios... Ela voltou os olhos para mim, talvez tentando entender o que eu fazia ali.

- Gosta de lírios? Tentei quebrar o silêncio incomodo.


Sophie me encarou, parecendo me desnudar a alma com tamanha profundidade. E acabou respondendo. - Pra uma pessoa como você, não deve interessar o que alguém gosta ou desgosta...

- Calminha ai! Movi as mãos rapidamente em sinal de protesto. - Não precisa vir com quatro pedras pra cima de mim. Depois sorri sedutoramente. - Eu não mordo!

- O que te trouxe aqui? Falou um pouco mais amena, mas ainda assim na defensiva. Você sequer se lembra de nós... Senti um pouco de decepção na sua voz.


- Lembrar de quê exatamente? Perguntei desconfiada.


- De... E parou subitamente me encarando. - Isso não te interessa!

- Quer saber? Cansei desse joguinho! Exasperei impaciente. - Quem você pensa que é afinal? Se em algum momento, num passado bem remoto, nós ficamos e eu não lembro é por que, primeiro, eu já fiquei com tantas mulheres que até perdi a conta,e segundo, com certeza não foi nada importante, por que se fosse eu lembraria!


Seus olhos eram um misto de raiva e decepção.


- Mas, se você quiser esquecer o passado e viver o presente...


Ela me lançou um olhar interrogativo quando me aproximei dela, mas não ofereceu nenhuma resistência. Ficamos a poucos centímetros de distância... Eu podia sentir seu hálito quente e doce sobre os meus lábios. Afaguei- lhe a face suavemente com a costa da mão, enquanto com a outra a trazia para mais perto de mim, fechei os olhos inconscientemente e me inclinei à espera de seus lábios. Mas o que senti foram suas mãos batendo forte em meus ombros, me empurrando com tamanha força que me fez desequilibrar, caindo por cima de alguns vasos vazios.

- Você realmente se acha a dona do mundo, não é? Ela estava furiosa!


E eu? Estava completamente sem ação, apenas a encarava e via toda a fúria do mundo em seus olhos... “marejados?”.


- Você é a maior idiota, prepotente e arrogante que eu já conheci em toda a minha vida! Não sei como eu pude me enganar tanto a seu respeito! E saiu pisando duro.

Continua...

3 comentários:

  1. Gostei... curiosa pra saber o que houve entra Rachel e ela... e pq tanto ódio da parte da Sophie rsrs
    Boa narrativa, parabéns =)

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  2. Fico muito feliz que você esteja gostado *-*
    E quanto as curiosidades, só posso dizer uma coisa ...
    Aguarde!!!
    hehe =D
    Abraços

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  3. A história tá ficando interessante!
    A Sam me lembra alguém... rsrs
    A leitura é boa... Tô curiosa pra saber o desfecho dessa história...

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